Ela e ele encontram-se em casa ou no carro. Vai um beijo, abraços, o clímax aquece e fazem amor como sempre fizeram, como é direito dos namorados. Só que, desta vez, ele tem em mãos um telemóvel novo, caro e cheio de funções. E, pondo em prática a máxima de que “amar e ter juízo não é possível”, ele decide filmar o acto sexual. Ela, um tanto perdida no calor do momento, ou se calhar nem por isso, sorri de surpresa, nega um bocado, mas “como ele é o dono”, deixa filmar. Depois do acto o casal ri-se do que foi capaz de fazer, quando ambos viajavam de excitação. Ela parte para a casa e “está tudo bem”. Mas só após o namoro terminar é que percebe o quão parva chegou a ser ao deixar-se filmar tal como veio ao mundo e logo na hora de obedecer a libido. Mas já é tarde: a imagem já circula na Internet e no telefone de quem quiser. Desengane-se, caro(a) leitor (a), que não se trata de um caso de ficção, mas de uma realidade que se repete.
O progresso das tecnologias de informação e comunicação, dentre as quais a informática e a Internet são os mais gigantes tentáculos, lançou o mundo para uma revolução irreversível. Como é dialéctica da vida, infelizmente, paralelamente às incomensuráveis vantagens, a globalização faz com que as fronteiras entre as nações se desvaneçam, ainda que virtualmente, permitindo que um acontecimento na mais remota comunidade seja acompanhado em tempo real em qualquer parte do mundo. E as sociedades menos desenvolvidas vêm-se então em maior desvantagem ainda para a sobrevivência de alguns dos seus aspectos culturais mais sagrados, perante as influências políticas, culturais, etc., das sociedades mais avançadas.
A sociedade angolana, e a benguelense em particular, vê-se apanhada desprevenida por este fenómeno atípico da sua forma de ser e de estar. É urgente a necessidade de promover reflexões permanentes sobre o impacto e as implicações do (mau) uso das tecnologias de informação e comunicação, TIC, no comportamento das pessoas. Foi com esta preocupação que a produção do programa “Viver para Vencer” o agendou para debate, a 20/11.
Pouco depois do anúncio do tema, da cidade do Lobito ligou um cidadão, que preferiu anonimato, chamando atenção da sociedade para o uso racional dos telemóveis: «De princípio têm uma utilidade boa para a nossa evolução, mas por outro lado temos umas grandes falhas, como o caso destas imagens que estão a aparecer agora. Acho que temos que ter mais responsabilidade com os telemóveis para que não sejam uma coisa para brincar, mas sim para resolver problemas, coisas urgentes. E dou um apelo a todo o pessoal, que se organize!». O mesmo ouvinte partilhou connosco uma experiência pessoal em que o telemóvel foi a tábua de salvação: «Foi a altura em que estava a sair de uma discoteca, o camião estava parado e como eu vinha com excesso de velocidade, cambaleei e o telemóvel foi a saída para pedir socorro», revelou.
O mundo guarda ainda frescas as polémicas imagens captadas à revelia com um telemóvel, denunciando a humilhação perpetrada por aqueles que se julgavam implementar a justiça na cena do enforcamento do antigo presidente iraquiano, Sadam Hussain. Na verdade, a ênfase ao telemóvel foi só um chamariz para uma abordagem mais alargada sobre as TIC.
Entretanto, como realça a “Gazeta Online” do Brasil, «o fosso entre os países em relação ao acesso a tecnologias de informação ainda é enorme no mundo: o habitante de um país desenvolvido tem 22 vezes mais chances de ser usuário de internet do que o de um país subdesenvolvido. No entanto, o acesso as TIC tem aumentado e se tornado mais igualitário, de acordo com o "Índice de Oportunidade Digital" da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad)». Acrescenta ainda aquele órgão informativo que, até 2006, «os países com maior índice digital são Coréia do Sul (0,79), Japão (0,71), Dinamarca (0,71) e Islândia (0,69). O Brasil não é citado no relatório resumido divulgado à imprensa. E segundo o levantamento, que será divulgado anualmente até 2015, há 3,3 bilhões de usuários de celular no mundo, o equivalente a 51,76% da população mundial. Na Europa, esse percentual chega a 124,32%, ou seja, algumas pessoas têm mais de um aparelho no continente. Na África, o percentual é de 15,92% e nas Américas, 78,94%».
O Dr. Jorge Crisóstomo, presente ao debate em representação do Comando Provincial da Polícia Nacional, considerou as TIC um factor importantíssimo a nível do universo. «Há necessidade, no caso de Angola, investir-se muito na educação. Porque nós estamos a ter a tecnologia e vai haver uma grande parte da sociedade que vai estar excluída deste grande contexto de obtenção de informação aproveitando as TIC».
Quanto à Internet, cada vez mais frequentada pela juventude, os participantes ao debate defenderam a necessidade de se investir na educação desde a base para um melhor aproveitamento. «Porque vivemos num universo de informação global. Agora, é preciso saber educar os nossos adolescentes e jovens como ir buscar esta informação importação», já que, tratando-se de uma sociedade com poucos hábitos de leitura, «vão buscar pornografia, vão para jogos na Internet, mas há muita coisa mais importante. Então é preciso incutir desde a Escola, tudo que é lixo deve-se desprezar», recomendou o Dr. Jorge.
Por seu turno, o Reitor do Seminário Maior Bom Pastor, Padre José Cassanji Santos, acredita que as estruturas do Governo estão a arranjar mecanismos para a introdução daquilo que considerou de Disciplina Global de Informação. «Porque é um risco, é uma mentalidade que se adquire, que, depois, dentro de 50 anos, nós vamos sofrer as consequências, alertou para a seguir apontar que «o mau uso das TIC pode prejudicar não só os utentes como também as famílias. Porque as informações podem deturpar o modo de entender dos amigos», advertiu.
E o estudante do curso de direito, José Sikuete Viagem, sublinha a ideia de que o débil diálogo dos pais em casa para com os filhos pode contribuir para o mau uso das TIC. «Essa informação que ele não consegue com os pais, vai busca-la na televisão, na rua», disse. Quanto à exposição da privacidade de outrem através de fotografias e vídeos, Viagem julga ser reflexo generalizado da falta de cultura jurídica. «Há direitos de personalidade que são invioláveis. Então eu se não estiver informado sobre o direito de personalidade, à integridade física, ao nome e à honra, e for para um meio público, vou fazer o uso do meu telefone de tal modo que não respeite estes elementos, porque eu entendo que o telefone, por ter câmara, é para captar tudo que é imagem mesmo sem o consentimento destas pessoas», ilustrou.
Será que o facto de ser namorado dá o direito de filmar a rapariga e expor a sua nudez? O «Não!» foi unânime. Para o doutor Jorge, não se trata de comportamento patológico, mas sim de comportamento infantil e que «à nossa juventude falta conhecimentos básicos para se viver em sociedade condignamente e passa necessariamente pela educação».
O Pe. Cassanji Santos defende que os princípios éticos sob os quais nos guiamos deviam ser claros, na medida em que a pessoa deve sempre «ser vista como um fim e nunca como um meio. Todo aquele que quiser lesar, por brincadeira que seja, a integridade física ou moral de quem quer que seja, atenta contra os princípios sagrados da privacidade e do direito individual», concluiu.
O progresso das tecnologias de informação e comunicação, dentre as quais a informática e a Internet são os mais gigantes tentáculos, lançou o mundo para uma revolução irreversível. Como é dialéctica da vida, infelizmente, paralelamente às incomensuráveis vantagens, a globalização faz com que as fronteiras entre as nações se desvaneçam, ainda que virtualmente, permitindo que um acontecimento na mais remota comunidade seja acompanhado em tempo real em qualquer parte do mundo. E as sociedades menos desenvolvidas vêm-se então em maior desvantagem ainda para a sobrevivência de alguns dos seus aspectos culturais mais sagrados, perante as influências políticas, culturais, etc., das sociedades mais avançadas.
A sociedade angolana, e a benguelense em particular, vê-se apanhada desprevenida por este fenómeno atípico da sua forma de ser e de estar. É urgente a necessidade de promover reflexões permanentes sobre o impacto e as implicações do (mau) uso das tecnologias de informação e comunicação, TIC, no comportamento das pessoas. Foi com esta preocupação que a produção do programa “Viver para Vencer” o agendou para debate, a 20/11.
Pouco depois do anúncio do tema, da cidade do Lobito ligou um cidadão, que preferiu anonimato, chamando atenção da sociedade para o uso racional dos telemóveis: «De princípio têm uma utilidade boa para a nossa evolução, mas por outro lado temos umas grandes falhas, como o caso destas imagens que estão a aparecer agora. Acho que temos que ter mais responsabilidade com os telemóveis para que não sejam uma coisa para brincar, mas sim para resolver problemas, coisas urgentes. E dou um apelo a todo o pessoal, que se organize!». O mesmo ouvinte partilhou connosco uma experiência pessoal em que o telemóvel foi a tábua de salvação: «Foi a altura em que estava a sair de uma discoteca, o camião estava parado e como eu vinha com excesso de velocidade, cambaleei e o telemóvel foi a saída para pedir socorro», revelou.
O mundo guarda ainda frescas as polémicas imagens captadas à revelia com um telemóvel, denunciando a humilhação perpetrada por aqueles que se julgavam implementar a justiça na cena do enforcamento do antigo presidente iraquiano, Sadam Hussain. Na verdade, a ênfase ao telemóvel foi só um chamariz para uma abordagem mais alargada sobre as TIC.
Entretanto, como realça a “Gazeta Online” do Brasil, «o fosso entre os países em relação ao acesso a tecnologias de informação ainda é enorme no mundo: o habitante de um país desenvolvido tem 22 vezes mais chances de ser usuário de internet do que o de um país subdesenvolvido. No entanto, o acesso as TIC tem aumentado e se tornado mais igualitário, de acordo com o "Índice de Oportunidade Digital" da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad)». Acrescenta ainda aquele órgão informativo que, até 2006, «os países com maior índice digital são Coréia do Sul (0,79), Japão (0,71), Dinamarca (0,71) e Islândia (0,69). O Brasil não é citado no relatório resumido divulgado à imprensa. E segundo o levantamento, que será divulgado anualmente até 2015, há 3,3 bilhões de usuários de celular no mundo, o equivalente a 51,76% da população mundial. Na Europa, esse percentual chega a 124,32%, ou seja, algumas pessoas têm mais de um aparelho no continente. Na África, o percentual é de 15,92% e nas Américas, 78,94%».
O Dr. Jorge Crisóstomo, presente ao debate em representação do Comando Provincial da Polícia Nacional, considerou as TIC um factor importantíssimo a nível do universo. «Há necessidade, no caso de Angola, investir-se muito na educação. Porque nós estamos a ter a tecnologia e vai haver uma grande parte da sociedade que vai estar excluída deste grande contexto de obtenção de informação aproveitando as TIC».
Quanto à Internet, cada vez mais frequentada pela juventude, os participantes ao debate defenderam a necessidade de se investir na educação desde a base para um melhor aproveitamento. «Porque vivemos num universo de informação global. Agora, é preciso saber educar os nossos adolescentes e jovens como ir buscar esta informação importação», já que, tratando-se de uma sociedade com poucos hábitos de leitura, «vão buscar pornografia, vão para jogos na Internet, mas há muita coisa mais importante. Então é preciso incutir desde a Escola, tudo que é lixo deve-se desprezar», recomendou o Dr. Jorge.
Por seu turno, o Reitor do Seminário Maior Bom Pastor, Padre José Cassanji Santos, acredita que as estruturas do Governo estão a arranjar mecanismos para a introdução daquilo que considerou de Disciplina Global de Informação. «Porque é um risco, é uma mentalidade que se adquire, que, depois, dentro de 50 anos, nós vamos sofrer as consequências, alertou para a seguir apontar que «o mau uso das TIC pode prejudicar não só os utentes como também as famílias. Porque as informações podem deturpar o modo de entender dos amigos», advertiu.
E o estudante do curso de direito, José Sikuete Viagem, sublinha a ideia de que o débil diálogo dos pais em casa para com os filhos pode contribuir para o mau uso das TIC. «Essa informação que ele não consegue com os pais, vai busca-la na televisão, na rua», disse. Quanto à exposição da privacidade de outrem através de fotografias e vídeos, Viagem julga ser reflexo generalizado da falta de cultura jurídica. «Há direitos de personalidade que são invioláveis. Então eu se não estiver informado sobre o direito de personalidade, à integridade física, ao nome e à honra, e for para um meio público, vou fazer o uso do meu telefone de tal modo que não respeite estes elementos, porque eu entendo que o telefone, por ter câmara, é para captar tudo que é imagem mesmo sem o consentimento destas pessoas», ilustrou.
Será que o facto de ser namorado dá o direito de filmar a rapariga e expor a sua nudez? O «Não!» foi unânime. Para o doutor Jorge, não se trata de comportamento patológico, mas sim de comportamento infantil e que «à nossa juventude falta conhecimentos básicos para se viver em sociedade condignamente e passa necessariamente pela educação».
O Pe. Cassanji Santos defende que os princípios éticos sob os quais nos guiamos deviam ser claros, na medida em que a pessoa deve sempre «ser vista como um fim e nunca como um meio. Todo aquele que quiser lesar, por brincadeira que seja, a integridade física ou moral de quem quer que seja, atenta contra os princípios sagrados da privacidade e do direito individual», concluiu.
1 comentário:
Deixe o seu comentário e, já sabe, aqui a sua opinião tem valor!
A equipa da AJS
Enviar um comentário