quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Nossa homenagem a Luís Xavier, um batalhador e activista pela dignidade da pessoa com deficiência

A rubrica “Nossa homenagem-um reconhecimento às pessoas pelo seu exemplo de sucesso” traz o exemplo de vida de um educador social, chefe de família, angolano. Ele tem 35 anos de idade, actualmente representa na província do Huambo a ONG angolana LARDEF (Liga de Apoio à Integração da Pessoa com Deficiência), onde entrou como voluntário. Estamos a falar de Luís Quintas Xavier, conhecido como Oliveira no seio familiar.

«Para aqueles que me conhecem, eu tenho uma paralisia dos membros inferiores, que adquiri já aos três anos vítima de poliomielite, mas apesar disso eu nunca olhei para a minha deficiência. E na altura em que os meus pais eram vivos, também nunca se deixaram levar, nunca olharam apenas na minha deficiência. Foram pacientes em sempre levar-me para a escola», realçou.

Luís é uma pessoa que vê a vida na positiva, embora lamente o facto de estar impedido de assistir ao teatro, que muito adora. É que as salas de cinema geralmente são pouco acessíveis, devido aos degraus, isso, para quem anda de cadeira de rodas. Mas esse é apenas um dos vários desafios que pessoas com deficiência enfrentam na sociedade.

«A maior discriminação que eu já senti foi na altura em que pensei que tinha que ter uma companheira. Na verdade encontrei uma barreira por parte da família da moça, que achou que o Luís, na qualidade de uma pessoa com deficiência, não podia contrair matrimónio com a filha deles. Esta foi uma situação muito difícil, mas por pouco tempo». E ainda bem. Tanto se juntou a ela que, após quatro anos a viverem maritalmente, oficializaram o casamento o ano passado.

Em finais dos anos 90, Luís Xavier morava no Luongo, Catumbela, e frequentava o ensino médio no PUNIV, que se si
tua no Compão, Lobito, uma distância de aproximadamente 15 quilómetros em ida e volta. Umas vezes metia o seu triciclo no comboio, mas geralmente ia a pedalar de segunda a sexta-feira. Luís desistiria na 10ª classe, abraçando o mercado do trabalho pela AADC (Associação de Apoio ao Desenvolvimento Comunitário) que, diz o co-fundador, «hoje infelizmente está a meio gás».

No entanto, há momentos altos na vida de Luís, que ele não esconde:

«Depois de trilhar nessa senda de trabalho, o momento mais alto da minha vida foi quando recebi a nomeação para Coordenar a Lardef a nível da província do Huambo, em 2007. Foi um momento muito alto da minha vida, porque a partir daí eu percebi que as minhas responsabilidades tinham aumentado, para com o grupo alvo e para com a sociedade em si. Porque, na verdade, costumam dizer os mais velhos que vale a pena estar em frente dos animais do que em frente das pessoas».

A transferência à província do Huambo permitiu o regresso aos estudos, interrompidos há 11 anos, e tanta é a força, que Luís já é finalista. E hoje, amigo Luís Xavier, sente-se longe ou perto dos sonhos?

«Bem, hoje, apesar de que ainda não sou universitário, mas eu pelo menos não me sinto muito em baixo, sinto-me capacitado para ainda trilhar o mundo para um futuro mais próspero. E tenho tido muito encorajamento de alguns amigos, principalmente os que foram colegas de escola. Acima de tudo posso dizer que ainda estou mais próximo daquilo que são os meu sonhos», revela.
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(*) Rubrica “Nossa Homenagem-um reconhecimento às pessoas pelo seu exemplo de sucesso” emitida na edição de 01/09/09, do programa de mesa redonda radiofónica, “Viver para Vencer”, que teve como tema "A Prática dos Primeiros Pocorros". Viver para Vencer é uma produção da ONG angolana Associação Juvenil para a Solidariedade (AJS), às terças-feiras, das 17-18h30, através da Rádio Morena Comercial (97.5FM), cobrindo as cidades de Lobito, Benguela e Baia Farta
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AJS – “A cidadania é resultado de um exercício permanente de Educação e Comunicação”.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Nossa homenagem aos angolanos que batalham para vencer na vida - Hoje é a vez de Rui Filipe

Mais uma história digna de homenagem foi descoberta pela produção do programa “Viver para Vencer”. O exemplo de sucesso é do jovem Rui Filipe, que reside no bairro da Santa-Cruz, subúrbio do Lobito.

Já na sua adolescência, Filipe Manifestava uma inusitada paixão pelo futebol, destacando-se pelos acesos debates enquanto defensor acérrimo do Petro de Luanda. Com o passar do tempo, Filipe viria descobrir a sua paixão pelo jornalismo desportivo.

«O meu grande sonho era ser jornalista desportivo. E por esse motivo já andei por muitas estações de rádio e de imprensa, infelizmente, não fui bem sucedido». Mas o que terá faltado, sendo Filipe beneficiário de um dos primeiros (em seu tempo melhor reputados) cursos intensivos de jornalismo, ministrado pela Associação para a Promoção do Homem Angolano (APHA)? Não será porque a concorrência é difícil? «É difícil – reconhece o nosso interlocutor, para de seguida desabafar – embora, algumas vezes, encontrássemos pessoas que não fossem de acordo com aquilo que a gente trabalhava. Senão, teríamos capacidades de ficar, mas, pronto, – diz –
acho que a vida é assim, não devemos chorar pelo leite derramado. E há uma passagem popular que diz que há males que acontecem por bem».

E de desgostos não é tudo. Filipe fez parte do grupo de jovens que, há coisa de cinco anos, foram qualificados nos testes (concurso público) para trabalharem num dos museus. Só que, curiosamente, nunca foram chamados. E você acha que ele deixou de batalhar? Muito pelo contrário! Continuou a estudar a fim de concluir o ensino médio.

A dificuldade, de muitos por sinal, é ingressar no ensino superior. Sem fundo para custear a propina praticada pelas universidades privadas (USD 250/mês), Filipe candidatou-se na Universidade Pública, mas chumbou nos exames de admissão. Um outro desistiria, não ele!

«O optimismo é uma das minhas virtudes. E então no ano a seguir voltei a tentar, e consegui entrar no curso regular de história, isso foi em 2004. Em 2008 consegui concluir a minha licenciatura».

Aos 29 anos de idade, Filipe é licenciado em ciências da educação na especialidade de história, é também quadro de um dos ramos do ministério do interior.

«Os frutos apareceram. Está aqui a licenciatura feita e, naturalmente, almejamos, a partir do próximo ano, iniciar o mestrado e dar sequência a essa carreira estudantil».

O desemprego já não um problema para si? «Felizmente já não, e graças a Deus por isso. Também, com o nível alcançado, temos estado a sorrir, se o podemos dizer; embora o homem, por natureza ou enquanto ser bio-social, seja sempre insatisfeito. Mas, por enquanto, as necessidades básicas são possíveis de serem satisfeitas», referiu.

E foi com agrado que ficamos a saber que o Rui Filipe não desistiu do seu sonho, o de ser jornalista desportivo. «Se ainda houver oportunidade de continuar com a carreira jornalística, estarei aqui bem-disposto para continuar, porque é um grande sonho», revelou.
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(*) Rubrica “Nossa Homenagem-um reconhecimento às pessoas pelo seu exemplo de sucesso” emitida na edição nº 11, de 14/04, do programa de mesa redonda radiofónica, “Viver para Vencer”, que teve como tema "a juventude e o acesso ao primeiro emprego". Viver para Vencer é uma produção da ONG angolana Associação Juvenil para a Solidariedade (AJS), às terças-feiras, das 17-18h30, através da Rádio Morena Comercial (97.5FM), cobrindo as cidades de Lobito, Benguela e Baia Farta.....AJS – “A cidadania é resultado de um exercício permanente de Educação e Comunicação”.

sábado, 4 de julho de 2009

Pedagoga Deolinda Valiangula é nova administradora do Município do Bocoio

Um despacho do Ministro da Administração do Território, Virgílio de Fontes Pereira, divulgado esta semana, dava conta da exoneração de António Saraiva do cargo de administrador municpal do Bocoio, que dista 70 km da cidade do Lobito.
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A substituta é no entanto um rosto conhecido, ou não fosse uma destacada figura da pedagogia na província de Benguela, por sinal Directora do Instituto Médio Normal de Educação (IMNE.
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Valiangula, com trajectória política de relevo na Organização da Mulher Angola (OMA), organização feminina do partido no poder, é ainda Mestre em Didáctica do Ensino (Instituto Superior de Ciências da Educação -
Universidade Agostinho Neto). Outra mulher à frente de uma administração municipal na província de Benguela é Maria João, que agora deixa de ser "em exercício" e passa a titular na Baía Farta.
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António Saraiva, que tem passagem pela Jmpla (organização juvenil do partido no poder) e pela banca, vai agora dirigir os destinos do município do Balombo, ou seja, mantém o cargo só que um pouquinho mais distante.
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Entre as suspresas, ressaltam-se as ascenções a vice-administradores de Basílio Sassendo Jessé, ex-Chefe da Secção Municipal da Educação no município da Baía Farta, bem como do Jornalista (TPA) Leopoldo Muhongo, que se ocupava da comunicação e imagem na Administração Municipal de Benguela.
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(Na foto: Deolinda Valiangula quando participava de uma das sessões radiofónicas de mesa redonda do programa "Viver para Vencer", iniciativa da ONG AJS-Associação Juvenil para a Solidariedade
Texto: Gociante Patissa

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Futebol: Uma jovem que vence tabus pelo sonho de ser árbitra internacional

Mais uma história incomum de vida foi descoberta pela rubrica “Nossa Homenagem, um reconhecimento às pessoas pelo seu exemplo de sucesso”. Ela nasceu e reside na cidade de Benguela, atende pelo nome de Deolinda Gaspar Simão, e costuma surpreender pela afeição que tem pelo futebol, ombreando com qualquer homem, quer nos bastidores, quer no ajuizamento de jogos.
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«Eu já venho gostando de desporto, no seu geral, há um bom tempo. Mas, desde o mundial de 1998, aprofundei-me muito mais para esse lado mesmo, que é o futebol. Comecei a gostar, a praticar, estou agora a apitar também. Quer dizer, tudo relacionado mesmo ao futebol», conta.
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Deolinda Gaspar Simão é estudante, escuteira e professora. Mas é no futebol que vive o maior desafio na vertente da arbitragem.
«Diz-se categoria provincial. Fazemos jogos de iniciados, juvenis, juniores e seniores. Tive agora uma grande bênção, fui promovida para a 2ª divisão. E quero continuar a trabalhar, chegar até à primeira divisão e, quiçá, a árbitra internacional, que são alguns dos meus objectivos, e continuar a aprofundar os meus conhecimentos», salientou.
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Alguma vez esteve envolvida em situação de violência, ainda que indirectamente, por algum erro cometido enquanto árbitra? «Olha, é muito complicado e é muito difícil! Principalmente quando a equipa de casa (ou mesmo a de fora) perde, praticamente as culpas recaem sempre quase todas sobre nós. Por acaso já estive em várias situações assim, mas acho que a maior parte dos jogos correram bem, soube, com um ou outro erro, levar o jogo avante».
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E será que alguma vez praticou futebol? «Já. Já joguei no “Peixe Cuio”, que agora é “Águias Vermelhas” durante uma temporada, joguei também no “Andorinhas” ou “Amiguinhas” (já não me recordo o nome), durante uma temporada e meia».
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A inclinação para o desporto foi uma surpresa em casa, e só mesmo com o tempo Deolinda conseguiu conquistar o apoio dos pais. «Olha, a princípio foi muito difícil, principalmente quando comecei a jogar, e comecei a gostar muito dos jogos, às vezes faltava às aulas para ver jogo ou jogar, mas o tempo foi passando e foram-se acostumando. Acredito que o importante é que cada um tenha que fazer aquilo lhe faça feliz, aquilo que bem quer, desde que não fira a sensibilidade de ninguém».
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Determinada, Deolinda Simão consegue conciliar o desporto e a formação académica. «Eu estou a fazer o terceiro ano da faculdade, estou a seguir o curso de economia, embora não seja o meu grande sonho (porque eu quero mesmo continuar a fazer o superior de educação física). E sou professora também de educação física, há já dois anos».
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Para além disso, ainda encontra forças para outros compromissos sociais. «Sou escuteira há já quase 11 anos e sou presidente da associação ACASO (Causa Social). Temos como fim recolher alguns donativos para oferecer aos mais desfavorecidos. A associação é americana, nós somos a primeira filial cá em Angola, e precisamente em Benguela».
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Deolinda Simão resume os problemas da juventude em duas fragilidades. «São a falta de escolaridade e a falta de emprego. São problemas sociais muito graves e são mesmo eles que levam a nossa juventude a se misturar em coisas que não têm nada a ver; vemos aí casos práticos como guerras de garrafas, lutas, um montão de confusões».
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Estudante, escuteira, professora, responsável de ONG, e árbitra de futebol. Deolinda Simão leva uma vida literalmente ocupada. Será que ainda sobra tempo para lazer a que tem direito?«De facto tenho sentido falta de um bocadinho de tempo, relaxe, principalmente ao fim-de-semana. É o único tempo que tenho para ficar com a minha família, mas tem as saídas: jogos de manhã, aos sábados tenho que ir à formação de escutismo, se calhar tenho um encontro ou outro, e fica realmente um bocadinho apertado. Mas eu gosto de viver assim, acredito que ocupação é menos preocupação».
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Recorde-se que a rubrica "Nossa Homenagem" é oferta do programa radiofónico de mesa redonda pela cidadania e saúde preventiva, "Viver para Vencer", uma produção da ONG AJS-Associação Juvenil para a Solidariedade, emitido às 3ªs feiras entre 17h-18h30 através da Rádio Morena Comercial para cobrir as cidades de Lobito, Benguela e Baia Farta (litoral da província de Benguela), Angola.

domingo, 28 de junho de 2009

Blog da AJS é premiado por contribuir para "a luz" da cidadania

Foi com satisfação e surpresa que registamos, ao passar pelo blog "Hukalile, don't cry for me Angola" ( http://cangue.blogspot.com), a nomeação do Blog "AJS-Cidadania & Saúde Preventiva Angola" para o prémio "ESTE BLOG É PURA LUZ".

Este reconhecimento, digamos mais formal, junta-se à honra que representa para nós o registo de visitantes (que de vários pontos do mundo nos chegam com regularidade, mesmo quando nos atrasamos na actualização).

Aproveitamos desde já para reiterar a gratidão e dar seguimento ao espírito do prémio, pelo que solicitamos "tolerância" pela adaptção ao texto copiado do Blog Hukalile, que nos atribuiu o prémio:

É um convite para reflexão sobre sua própria luz, que também será a primeira regra para postagem do selo.

1 - Completar a frase "EU SOU LUZ E QUERO ILUMINAR OS POLÍTICOS AFRICANOS PARA QUE NÃO SE ESQUEÇAM DE QUE DINHEIRO NÃO SE COME E QUE, ACIMA DE TUDO, A ESSÊNCIA DO SEU TRABALHO É SERVIR O POVO COM HONESTIDADE, DIGNIDADE E TRANSPARÊNCIA.

2 - Linkar o blog de onde o selo partiu e deixar um recado avisando que o recebeu.

3 - Linkar e repassar o selo para cinco blogs que, na sua opinião, sejam blogs de luz. Repasso para: Angola da Utpopia para a Realidade: //desabafosangolanos.blogspot.com/ Morro da Maianga http://www.morrodamaianga.blogspot.com/ Angola, Debates & Ideias ://angodebates.blogspot.com/ Elongiso Teatro http://elongisoteatro.blogspot.com/ Blogs que falam de Angolahttp://blogsquefalamdeangola.blogspot.com/
AJS - "A cidadania é resultado de um exercício permanente de educação e comunicação"
Da nossa esquipa

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Utilidade pública: Aviadoras desistem da rota Ondjiva-Catumbela

A distância entre as províncias de Benguela e Kunene é agora maior, no que à aviação diz respeito. A companhia estatal Taag (Linhas Aéreas de Angola) é a única na rota Luanda-Catumbela-Ondjiva-Catumbela-Luanda, operando com o Bieing 737-700 às quintas e aos domingos, estando longe de satisfazer a demanda em virtude do intenso movimento comercial junto da fronteira com a república da Namíbia.

Depois da SonAir, que fazia a rota com o Boeing 737-700 aos sábados, foi a vez da Air-Gemini abandonar a rota. Esta última, representada em Benguela pela agência Paccitur, operava com um DC-9 às tardes de quarta-feira. A Diexim Expresso, do Grupo Batolomeu Dias, chegou a tentar, pondo em serviço o Embraer 145, porém por muito pouco tempo.

Nenhuma operadora justificou o abandono da rota, mas fontes conhecedoras do segmento nacional de passageiros apontam como causa a desproporcionalidade entre as despesas de operacionalidade e as incipientes receitas. Note-se que o custo do bilhete simples ronda os USD 130,00.

Pompilho Nobre (pobre20@hotmail.com)

sábado, 25 de abril de 2009

NORMAS SOBRE E-MAILS - Saiba proteger seu computador dos vírus

O MAIS IMPORTANTE: Quando reenviarem mensagens, retirem os nomes e endereços de e-mail das pessoas por onde esses e-mails já passaram. Há programas na Internet para 'apanhar' tudo o que estiver antes e depois de um '@'. É vendido a Spammers, que espalham vírus.
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Quando mandarem uma mensagem para mais de uma pessoa, não enviem com o 'Para' nem com o 'Cc', enviem com o 'Cco' (carbon copy ocult) ou, de preferência, ' Bcc' (blind carbon copy), que não vai aparecer o endereço electrónico de nenhum destinatário... Quando todos fizermos isto, livraremos a Internet de 80% dos vírus e lixo electrónico que causa lentidão na rede...
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1) De uma vez por todas, tenhamos a noção de que as grandes empresas NÃO usam correspondência do tipo corrente (chain-letters). Aliás, pense bem, como é que eles vão saber se você reenviou estes e-mails para outros endereços?

2) NÃO existe uma organização de ladrões de fígado ou outros orgãos. Ninguém acorda numa banheira cheia de gelo, mesmo se um amigo jurar que isto aconteceu ao primo do amigo do conhecido dele.
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3) Se o(s) último( s) desastre(s) envolvendo foguetes da NASA espalharam partículas de plutónio sobre a Costa Leste Americana, vocês acham, realmente, que esta informação chegaria ao público por e-mail?
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4) NÃO existem os vírus 'Good Times', 'Bad Times', 'Sapos Budweiser', etc. Na verdade, NUNCA mesmo devem reenviar qualquer e-mail alertando sobre vírus antes de confirmarem num site fiável de uma companhia real, que estas o tenham identificado.

5) Existem mulheres realmente a sofrer no Afeganistão, e as finanças de diversas empresas filantrópicas estão vulneráveis, mas reenviar um e-mail NÃO ajudará estas causas. Se quiserem ajudar, procurem instituições vocacionadas. E-mails com 'os abaixo-assinados' geralmente são falsos e nada significam para quem detém o poder. São meios de obter endereços electrónicos.

6) NÃO se morre nem há azar no amor se se rebentar uma corrente. Recusemos essa maneira imbecil de ajudar os hackers e os spammers (propagandas).
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7) Escrever um e-mail ou enviar qualquer coisa pela Net é fácil... NÃO acreditem, logo, em tudo. Observem o texto, reflictam, analisem tudo isto antes de reenviarem aos amigos.
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8) Quando recebemos mensagens pedindo ajuda para alguém, com fotografia comovente, NÃO reenviem apenas 'para fazerem a vossa parte'... pode haver alguém cheio de más intenções, por detrás deste e-mail... verifiquem a veracidade das informações... Afinal, próximo da vossa casa, há sempre alguém carente que vocês poderão ajudar, se esta for a vossa opção de vida.
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9) Agora, SIM, ENVIEM esta mensagem aos vossos amigos e conhecidos, e ajudem a colocar ORDEM nessa imensa casa chamada Internet. Lembrem-se que, todos os dias chegam milhares de inexperientes à Internet, e quanto mais pudermos ensinar, será de grande valia para todos.
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Texto recebido por e-mail, que julgamos pertinente partilhar com @ leitor@.
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AJS - "A cidadania é resultado de um exercício permanente de educação e comunicação"

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Taxa de Sida em Angola é a mais baixa da região

Taxa de Sida em Angola é a mais baixa da região PlusNews/Jornal de Angola/Angonoticias

Angola é o país da África Austral com a menor taxa de seroprevalência, afirmou a Helen Jackson, assessora sénior do Fundo das Nações Unidas para a População ao jornal on-line PlusNews.

A taxa de seroprevalência em Angola é inferior a quatro por cento. A funcionária alertou que o país deve reforçar as medidas de prevenção e combate à pandemia, recordando que Moçambique e África do Sul estavam numa situação semelhante em 1994.

“Angola deve olhar para estes casos de baixa seroprevalência de dez anos atrás e agir já”, disse Helen Jackson.

Ao nível mundial, a epidemia da Sida parece estabilizar, mas não na África Austral, indica um relatório da ONU/Sida. Em Moçambique, a seroprevalência continua a crescer, com uma média nacional de 16 por cento, equivalente a 1,8 milhões de pessoas. O avanço é maior nas províncias com ligações rodoviárias ao Malawi, Zimbabwe e África do Sul.

A África Austral ainda é o epicentro da Sida. Em 2005, um terço de todas a mortes por causa da Sida, no mundo, aconteceram na região, equivalente a 930 mil adultos e crianças.

De todos os seropositivos no mundo, a região alberga um de cada três adultos, quatro de cada dez crianças e metade das mulheres maiores de 15 anos.

“Isto dá uma ideia do nível do perigo para a população da região”, disse o coordenador regional para África austral e oriental da Onusida, Mark Stirling.

Na região, apenas o Zimbabwe, onde 1,7 milhões de pessoas vivem com HIV, a seroprevalência reduziu, em 2003, de 22 para 20 por cento.

As causas incluem maior uso de preservativos, desde os anos 1990, adiamento da primeira experiência sexual e redução de parceiros sexuais, além da alta mortalidade devido a Sida.

Os recursos disponíveis para a Sida, a nível global, aumentaram cinco vezes desde 2001.

Mas, para África Austral, o aumento nos recursos e a experiência acumulada, não resulta em menor seroprevalência.


20 Apr 2009
Fonte:PlusNews/Jornal de Angola [Comentar]

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Nossa homenagem a João Micelo, um exemplo de força de vontade

Manda o espírito de equipa que o brilho colectivo deve estar acima do brilho individual. Nisto estamos de acordo. A outra verdade, porém, é que determinadas pessoas têm um empenho digno de homenagem no crescimento das suas instituições.

A OHI (Organização Humanitária Internacional) atravessa um bom momento da sua história. Tem em execução seis projectos de desenvolvimento comunitário nas vertentes de cidadania, prevenção de acidentes com minas e saúde pública. E é da OHI que trazemos o perfil de João Micelo da Silva, 31 anos, que é visivelmente o responsável pelo lobby e angariação de fundos e parcerias.

«Fui colhendo várias experiências, quer na vida, quer em outras situações. E no meu dia-a-dia, tenho estado com outras pessoas a partilhar experiências do ponto de vista da formação, quer profissional, quer académica».

Fundada em 2001, a OHI é uma Organização da sociedade civil angolana, com sede na província de Benguela. Micelo lembra como se concebeu o sonho.

«Queríamos contribuir com acções, mais concretamente no processo de educação cívica. Era no sentido de trabalhar na consciencialização do cidadão no sentido de ter uma atitude e comportamento eficientes perante aquele contexto em que nos encontrávamos. Felizmente isso foi possível, foi uma relação muito eficiente com as instituições do governo, e permitiu a realização dos nossos sonhos. Mas em função da dinâmica da mudança, do contexto de emergência para o desenvolvimento, novas luzes foram surgindo no sentido de reestruturarmos as nossas acções para um desenvolvimento sustentável na comunidade».

A dedicação a tempo integral na Organização reduz consideravelmente o tempo de Micelo para outras tarefas sociais. Tanto assim que se viu forçado a recorrer à formação à distância. Já no segundo ano no curso de gestão administrativa, Micelo aponta vantagens do método.

«No meu caso concreto, que tenho muitas tarefas a fazer em termos de acções viradas ao desenvolvimento comunitário, tenho muito pouco tempo de estar no sistema mais directo. E a vantagem é que facilita a pessoa ter mais um auto-didactismo e perceber melhor quais são as circunstâncias».

Para terminar, pedimos a João Micelo da Silva, na sua qualidade de activista, se teme mais o risco de acidentes com minas ou a infecção do VIH e SIDA.

«Em minha opinião, quer uma, como a outra, são questões que devem ser trabalhadas», sustentou, para adiante acrescentar que «a questão primordial baseia-se no comportamento e nas atitudes, em como é que a sociedade deve dar a sua contribuição em relação a estas problemáticas».

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(*) Rubrica “Nossa Homenagem-um reconhecimento às pessoas pelo seu exemplo de sucesso” emitida na edição nº 11, de 14/04, do programa de mesa redonda radiofónica, “Viver para Vencer”, que teve como tema "a juventude e o acesso ao primeiro emprego". Viver para Vencer é uma produção da ONG angolana Associação Juvenil para a Solidariedade (AJS), às terças-feiras, das 17-18h30, através da Rádio Morena Comercial (97.5FM), cobrindo as cidades de Lobito, Benguela e Baia Farta.....AJS – “A cidadania é resultado de um exercício permanente de Educação e Comunicação”.

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Conheça o angolano que frequenta duas universidades em simultâneo

As pessoas que não se deixam derrotar pelas agruras da vida, merecem a nossa homenagem. Hoje é a vez de um jovem que frequenta duas universidades, uma no Lobito e outra em Benguela. Trata-se do irmão Dickyamini Bocolo, de 33 anos de idade, Secretário do Conselho-Fiscal do Círculo Rasta Fari de Benguela.

«Eu estou no Direito [Universidade Católica] e estou no Isced. Foi sempre meu sonho, pretendo ser no futuro um jurista, quiçá constitucionalista. Mas como também estou ligado à área das ciências de educação, então, não posso abandonar a educação. Quem sabe, um dia possa vir a ter essa chance de ser professor na faculdade de Direito! E essa parte da educação, como é uma vocação, e o Direito, um desejo, e até porque são dois cursos que se complementam, então sigo História e Direito», justifica.

Agora no 2º Ano, ele conta apenas com sua motorizada para galgar diariamente os 70 Km que correspondem à ida e volta entre Lobito e Benguela. É caso para dizer que Dickyamini Bocolo é “sinónimo” de vencer desafios. O seu dia-a-dia é exemplo disso mesmo.

«Lecciono de manhã [no bairro do Alto-Chimbuila, na zona alta do Lobito], de tarde estou no Isced [Universidade pública, cidade de Benguela], e de noite estou na Universidade Católica [bairro da Caponte, Lobito]. Então, o que me dificulta mesmo conciliar é a parte de professor com as duas faculdades. Mas digo que a vida não é fácil, os sacrifícios muitas das vezes são importantes. Há pessoas que podem estar a dizer que “esse gajo vai frustrar-se, é um maluco”. Mas enquanto tivermos fósforo e capacidade intelectual, então, vamos continuar neste desafio».
De seu completo Dickyamini Sebastião Bocolo Rodrigues é natural da Ingombota, Luanda, residindo em Benguela há 13 anos. Por cá constituiu família, sendo pai de três filhos. Foi também em Benguela que Dickyamini aderiu ao Círculo Rastafari de Benguela.

«Assim que cheguei, aderi logo ao movimento rasta-fari, que era já um sonho fazer parte desta família revolucionária, uma família de jovens que decidiu apoiar o progresso social. Desde aí, fui ascendendo a determinados cargos. Comecei como secretário para actividades do Círculo Rastafari de Benguela, depois fui para secretário para relações públicas. Em 2000 fui eleito como secretário executivo. De 2001 a 2002, tivemos uma outra eleição, onde fui reeleito, pelo trabalho que fui prestando ao CRB».

Amigo da música, do teatro e da literatura, Dickyamini é também professor do ensino primário há cinco anos. No entanto, reconhece que nem sempre um rasta é bem encarado pela sociedade.

«Ao longo da minha trajectória como activista, tive algumas dificuldades com a minha inserção social por ser membro de uma comunidade que ainda, em alguns círculos sociais, é discriminada, a comunidade rastafari. Mas soube sempre mostrar às pessoas que a revolução não se faz com os fracos. E até hoje, àquelas pessoas que fazem de mim um “monstro”, tenho também feito o possível esforço de transmitir que a vida não é fácil».

Só nos resta reforçar os votos de êxitos ao batalhador, esperando muito sinceramente que a defesa de tese não seja agendada para o mesmo dia, já que a lei da física não permite estar em dois lugares no mesmo instante. Até lá, irmão Dickyamini, força!
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(*) Matéria emitida na edição nº 10, de 07/04. “Nossa Homenagem” é oferta do programa de mesa redonda radiofónica, “Viver para Vencer”, uma produção da ONG angolana Associação Juvenil para a Solidariedade (AJS), às terças-feiras, das 17-18h30, através da Rádio Morena Comercial (97.5FM), cobrindo as cidades de Lobito, Benguela e Baia Farta.....AJS – “A cidadania é resultado de um exercício permanente de Educação e Comunicação”.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Nossa homenagem a Maria Pacatolo, uma jovem mãe, estudante, trabalhadora

Fomos falar com uma mãe, estudante e funcionária. Uma jovem, acima de tudo, que mereceu a nossa homenagem pela forma como valoriza a formação e o trabalho.

«Chamo-me Maria Pacatolo, tenho 29 anos de idade, sou chefe do gabinete do Coordenador da Comissão de Gestão da Empresa de Águas e Saneamento do Lobito».

Actualmente, Maria Pacatolo mora no bairro da Bela-Vista, Lobito. Mas foi no São-João onde ingressou no escutismo a jovem Bela Saudades, como também é conhecida.

«Comecei também no escutismo em 1995. Em 2002 fiz a formação de dirigente, trabalhei com os Caminheiros e com os Juniores. E, desde que me casei, não participo activamente».

O escutismo ajudou a entrada ao movimento de ONG’s. «Ajudou, ajudou o trabalho na APDC, principalmente com as crianças, porque o escutismo tem brincadeira e animação».

Há quatro anos funcionária da Empresa de Águas, Maria Pacatolo está satisfeita. «Sim, eu acho que é o sonho de qualquer pessoa entrar na função pública. E também os colegas ajudam, tenho um chefe bom».

Será que ainda se lembra da Coligação “Ensino Gratuito, Já!”, da qual foi secretária? «Eu trabalhei quatro anos na Coligação, com o Omunga, APDC, e aprendi muito com o Edmundo, Patissa, Patrocínio, [que] a me ensinaram a fazer cartas”. Gostei!», revelou.

Com um ensino médio do PUNIV, terminado há mais de cinco anos, Maria Pacatolo voltou a estudar este ano. «Eu quis sempre entrar na faculdade. Consegui este ano, estou a fazer o primeiro ano de gestão de recursos humanos».
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Nem sempre é fácil dar resposta a “tantos” compromissos sociais. Mas, para isso, Maria Pacatolo tem o braço do marido para se apoiar. «Como mãe, tenho tido pouco tempo de estar com a minha filha. Eu saio às 8h e volto às 22h por causa da escola. Com estudante, o ano começou há bem pouco tempo, ainda não encontrei dificuldades»
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(*) “Nossa Homenagem” é oferta do programa de mesa redonda radiofónica, “Viver para Vencer”, uma produção da ONG angolana Associação Juvenil para a Solidariedade (AJS), às terças-feiras, das 17-18h30, através da Rádio Morena Comercial (97.5FM), cobrindo as cidades de Lobito, Benguela e Baia Farta.....
AJS – “A cidadania é resultado de um exercício permanente de Educação e Comunicação”.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Lázaro Dalas é um exemplo acabado de jovem batalhador

Fomos descobrir mais uma história de vida que merece homenagem. A conversa é com Lázaro Bernardo Dalas, ou Mr Dalas, um jovem que se tornou professor aos 17 anos de idade.

«Realmente! Eu até entrava na turma e os alunos, se calhar, pensavam que eu fosse também colega deles. Mas aquela ética profissional realmente distinguia entre alunos e professor», contou.

Natural do Huambo,
Lázaro Dalas veio a Benguela quando criança ainda. Pelo sonho de concluir o ensino superior, Dalas fez um sacrifício. Perdeu o emprego numa companhia do ramo dos petróleos.

«Eu tive mesmo que decidir, entre deixar os nossos dólares e optar mesmo pela formação. Porque previa que a formação futuramente poderia ser um apoio para mim. Então, é uma decisão que todos os amigos lamentaram, algumas famílias deram-me muito apoio em que pudesse mesmo esquecer e seguir a formação», sustentou.

Mais do que licenciatura, a força da paixão pela língua Inglesa. «Eu estou a fazer linguística Inglês, vou terminar este ano, e acredito que no próximo ano estarei a trabalhar na minha defesa de tese».

No Lobito, Mr Dalas teve uma experiência como mobilizador social voluntário. «Eu fui convidado, fiz parte desta associação durante seis meses. E fez-se um estatuto e, os meus amigos viram que eu era uma pessoa com certas habilidades, fui eleito vice-presidente [APDC -Associação de Promoção do Desenvolvimento Comunitário]. Desenvolvemos muitas acções, como por exemplo, apoio a crianças desfavorecidas».

Houve uma altura na vida em que, tal como muitos outros adolescentes oriundos de famílias de baixa renda, Dalas viajou para Luanda a fim de fazer pequenos negócios. Talvez conhecedora das potencialidades do rapaz, uma parente sua opôs-se à ideia de ver Dalas no papel de zungueiro. Pelo contrário, pagou um curso de informática. Seis meses depois, Dalas regressava ao Lobito.
Daí que nos vimos tentados a perguntar: quais foram os momentos mais difíceis?

«Por exemplo ter deixado um emprego, naquela altura a ganhar mais de 800 Dólares, e decidir estudar. Tu ficas apenas com um emprego limitado de 240 Dólares. Uma das outras situações marcantes, realmente, foi a perda de uma pessoa que para mim foi uma grande escola, mãe, irmã. Mas, pronto, isto é a dinâmica da vida e estamos realmente consciencializados».

Dalas conta também momentos de alegria. «
Bem, foi ter visto o meu [entre os candidatos admitidos] no ISCED [Instituto Superior de Ciências da Educação]», disse para a seguir acrescentar que «uma outra coisa, são mesmo os desafios a que todo o jovem está sujeito. Os meus empregos, tirando a função pública, foram sempre de luta porque, não tendo ninguém para puxar-te, a tendência é sempre batalhar».

Quanto ao perigo do VIH e SIDA, Lázaro Bernardo Dalas considera positiva a preocupação da sociedade em sensibilizar jovens e não só. E diz mais: «Eu acho que já é altura de mudarmos as nossas consciências e assumirmos mesmo este tipo de doença».
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A matéria foi emitida ontem, 31/03, na 9ª edição do programa "Viver para Vencer", que teve como tema "O papel do pai no acompanhamento de jovens e adolescentes".
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Refira-se que a rubrica “Nossa Homenagem” é oferta do programa de mesa redonda radiofónica, “Viver para Vencer”, uma produção da ONG angolana Associação Juvenil para a Solidariedade (AJS), às terças-feiras, das 17-18h30, através da Rádio Morena Comercial (97.5FM), cobrindo as cidades de Lobito, Benguela e Baia Farta
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AJS – “A cidadania é resultado de um exercício permanente de Educação e Comunicação”.

terça-feira, 31 de março de 2009

"O papel do pai no acompanhamento de jovens e adolescentes", tema de mesa redonda radiofónica

HOJE, 3ª FEIRA, 31-03-09
Que opinnião você tem quanto ao papel do pai no acompanhamento de jovens e adolescentes?

Quais os principais desafios no contexto de Angola?

Você acha difícil ou fácil ser pai em Angola?

O que estará na base de tantos problemas de jovens e adolescentes em conflito com a lei?

São, entre outras, as questões a abordar na mesa redonda radiofónica de hoje, no programa "Viver para Vencer - Cidadania e saúde preventiva".

Você pode participar, ligando para 925917622 entre 17:20 e 18:10

Produção da AJS, emitido através da rádio Morena Comercial (97.5 e 96.0 FM) para cobrir as cidades de Lobito, Benguela e vila da Baia Farta.

AJS - "A cidadania é resultado de um exercício permanente de educação e comunicação".

Apoios: Médicos del Mundo-Espanha

sexta-feira, 6 de março de 2009

Heróis anónimos. Um marceneiro, professor e pai... «Tem havido entendimento na família», diz Júlio André

Descobrimos no bairro do Setenta, em Benguela, um homem de 41 anos, cuja história de vida merece homenagem. Chama-se Júlio André. Quanto à profissão, isto, depende do local em que se encontrar. Se em Benguela é marceneiro, no Bocoio é professor.

Muito jovem ainda, Júlio André teve de abandonar os estudos.
«Eu estive a fazer a sexta classe em 1996 mas, para fazer os exames, fui obrigado a trazer o recenseamento militar. Isso impediu-me, porque não tive recenseamento, não tive adiamento. Então, depois de parar de estudar, já que não fui admitido a fazer as provas, isto obrigou-me a procurar um mano que fazia o trabalho de malas e estofava também cadeirões», lembrou.

As malas artesanais, vulgo "de chapa", eram a única fonte de sobrevivência.
«As malas, que fazíamos, levávamos ao [armazém] “Fonseca & Irmão”. Fazíamos o câmbio com fuba [farinha de milho] e vendíamos a fuba. Por cada mala, nós recebíamos dois sacos [100 kg]».

E chegou o tempo em que as malas já não tinham saída. Mais uma crise a vencer. «Quase em 1991, paramos. Então, o dono da carpintaria tinha um camião. Metemo-nos na via, fazíamos viagens, Benguela-Sumbe, Benguela-Huambo, Benguela-Lubango. Depois disso, quando consegui a minha esposa, a responsabilidade tornou-se maior. Logo, começamos a pesquisar outros meios. E vimos que havia a necessidade de fazermos esse trabalho de marcenaria», revelou.

E como se dá o salto de marceneiro para professor? «Graças a alguns amigos ­
disse – que me incentivaram bastante [para] que pudesse continuar os meus estudos. Porque eu parei em 1986. Em 1992, depois da pequena paz, eu fiz ainda algum esforço, me matriculei. Mas, em 1993, depois dos confrontos, todos os documentos na escola foram roubados, e logo, perdi vontade de estudar. Até que um amigo apareceu tantas vezes aqui em minha casa para que eu continuasse a estudar», Júlio recorda, transparecendo gratidão no semblante.
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Júlio André dá aulas na localidade de Ngóa, comuna do Passe, no município do Bocoio. Tem a oitava classe feita e tem recebido superação pedagógica. Mas carrega ainda uma dor, a de não estudar. «A essa altura, a minha preocupação número um é encontrar alguém, que me ajude a sair na área em que estou a trabalhar, para que eu venha numa área onde pelo menos haja ensino médio – reforçou o compatriota – para ver se consigo concluir o ensino médio e, quem sabe, futuramente, para ver se conseguimos ir mais longe», sustentou.

Júlio tem quase pronta a sua própria casa de construção definitiva. Mas, confessa, é difícil trabalhar a centenas de quilómetros longe da família. Ou não ficassem aproximadamente 200 Km entre a cidade de Benguela e a povoação de Ngóa. «Tem havido entendimento na família. Porque às vezes eu passo o fim-de-semana lá, quando não tiver passagem de regresso, mas, quando tiver, vou na segunda-feira e na sexta sou obrigado a vir para me avistar um bocadinho com a família», esclareceu.

Quem cresceu sem os pais, sabe o que transmitir aos filhos. É o caso do marceneiro e professor, Júlio André. «Tenho estado a transmitir o espírito de que eles deviam estudar para terem uma formação, de maneira que amanhã, ainda que o pai ou a mãe não estiverem presentes, eles podiam conseguir se virar», concluiu.
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Refira-se que a rubrica “Nossa Homenagem” é oferta do programa de mesa redonda radiofónica, “Viver para Vencer”, uma produção da ONG angolana Associação Juvenil para a Solidariedade (AJS), às terças-feiras, das 17-18h30, através da Rádio Morena Comercial (97.5FM), cobrindo as cidades de Lobito, Benguela e Baia Farta
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AJS – “A cidadania é resultado de um exercício permanente de Educação e Comunicação”.

Crónica: O QUE UM SONHO TEM DE VERDADE

No momento em que inicio estas linhas, às escondidas porque o horário pertence ao patrão, estou ainda sob efeito do sonho, ou «choque» para ser mais preciso.
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Levantei-me, assustado, a meio da noite. Um pesadelo? Ainda não sei se o era, sei é que andava confuso demais no momento em que me sacudi dele. Você talvez fosse direito à geleira, que até fica a metro e meio da cama, afastando “os maus espíritos” com um copo de água gelada. Porém não tenho hábitos de consumir após a hora de dormir. Nem tempo restava para me decidir se voltaria para a cama ou se passaria o resto da noite acordado. «Duas e quarenta de uma promissora quinta-feira», dizia-me, indiferente, o relógio. Tudo a dormir lá fora, incluindo os guardas (que bem o sei), excepto um ou outro carro vadio.
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Era bom que os sonhos reflectissem apenas o espírito do dia, não? Assim, do tipo, para um dia de emoções agradáveis, sonhos maravilhosos. Que tal? Acende a indagação, movida pelo rápido recurso à memória do dia. Ou seja, o filme da viagem ao Caimbambo, recheada pela descoberta de suas picadas e paisagens, que têm um lençol vegetal de inevitável êxtase nesta época chuvosa. Mas nem isso sequer conseguiu suplantar o «estado de choque» que me havia entranhado.
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Ora pois, voltando à indagação de há pouco, não seria mais justo que os dias bons trouxessem apenas sonhos equivalentes? Mas, vendo o outro lado da moeda nessa lógica, conseguiríamos sobreviver aos sonhos daqueles dias que desejaríamos que simplesmente não existissem no nosso calendário?
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O tempo passava, com lentidão irritante. No quarto, apenas eu e a solidão. Logo percebo, dando-me por vencido, que a crítica ao critério dos sonhos era projecto furado.
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No cenário criado pelo meu «injusto» sonho, eu acabava de ouvir que era seropositivo, que tinha o famoso VIH, vírus da SIDA. Logo eu, que há cerca de nove anos abracei a causa da prevenção, participando inclusive na concepção/gestão de diversos projectos comunitários de cidadania e saúde preventiva!… Justamente eu, que me “esqueci” do que é sexo sem camisinha, ao ponto de certo dia me chamarem de “espécie rara em vias de extinção”?! Seropositivo, eu? Não! Eu, dono de duas máquinas (para barba e cabelo) de uso exclusivo, que nunca apanhei transfusão de sangue, enquanto que soro só apanhei uma vez?
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Já liberto da “anestesia”, dou conta do quanto determinados sonhos têm o inconveniente efeito de “teste surpresa”, sem dar tempo às vezes para elaborar uma saída, com base na retórica ou na lei do plano B. «Olha, você tem o vírus da SIDA!». Estaria eu preparado para ouvir tal notícia?

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Sempre pensei que sim. Os anos de activismo na luta contra Infecções de Transmissão Sexual dão-me o direito de pensar que tenho um background consistente. Se nunca me abalei quando alguém revelasse a condição de pessoa vivendo com o VIH, só podia ser devido à transposição da barreira da estigmatização e preconceito. Na minha condição de jornalista (24 horas por dia), acompanho o que os outros (rádio, jornal, TV) fazem – com a devida empatia perante o drama de pessoas geralmente rejeitadas no seu meio. Não sendo os meus próximos imunes, há bem poucos anos perdi uma prima, que faleceu em consequência da SIDA. Será que ter sensibilidade perante um problema habilita o indivíduo a vivê-lo?
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Ou será que me identifico mais com o slogan “Viver com o vírus da SIDA é possível, mas sem ele é melhor”? No momento, já em nenhuma certeza mais me arrisco encostar. De repente, vejo as minhas convicções, preconceitos, optimismos e receios, apoiados em cima de um tapete escorregadio. Alguém estaria preparado para ouvir a notícia de que somos seropositivos?
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Usando da honestidade, de si muito ligada à minha personalidade, assumo que não estou (afinal) preparado para ouvir que sou HIV positivo. Trouxe-ma o sonho esta verdade. Entretanto, penso que não é este o ponto. A questão é: o que fazer perante tal fraqueza? A resposta que me ocorre não é nova: há que levar a vida de modo a afastar, o mais longe possível, os riscos de contrair a infecção. O uso racional da sexualidade faz a diferença.

Gociante Patissa, aeroporto da Catumbela, 28/02/09

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Nossa Homenagem à Mita Casseque, uma das fundadoras do curso pós-laboral da Universidade Agostinho neto em Benguela

O nosso exemplo de batalhador é uma jovem de 28 anos. De seu nome completo Maria Dumbo Casseque, ou Mita para os mais chegados, é das pessoas que contornam obstáculos desde cedo, superando as controvérsias da vida através de difíceis decisões. Inteligente quanto baste, tem um aspecto franzino que faz lembrar a máxima “a grandeza está na pequeneza”.


Mita e o Instituto Superior de Ciências de Educação (Isced), em Benguela, têm uma ansiedade comum. Enquanto o Isced se prepara para lançar os primeiros licenciados do ensino pós-laboral, Mita prepara a festa. Ela aguarda pela defesa da tese no curso de geografia, um desafio iniciado em 2003.


«Mais tarde surgiu, como somos os fundadores do regime pós-laboral, a chance de, quem não tinha sido admitido no período regular, fazer a inscrição - mas tinha que ser no mesmo curso em que tivesse tentado. Já não havia vaga para o curso de Psicologia, mas havia apenas para Matemática e Geografia. E eu escolhi Geografia», lembrou.


Maria Dumbo Casseque é também professora. «Lecciono o primeiro ciclo, isto é, secundário na época de reforma. No regime vigente seria terceiro nível, que é a sétima e oitava classes», esclareceu, para adiante referir que gosta da profissão, mas o sonho inicial era outro. «Antes, muito antes mesmo, gostaria de ser uma enfermeira. Não consegui entrar ao IMS [Instituto Médio de Saúde]. Consegui na Educação e aqui estou», revelou.


Mita já tinha o ensino médio concluído quando se tornou professora. «Os momentos difíceis, para mim, digo que foram poucos. Já, antes de ser professora, fui trabalhando com pessoas ou crianças de rua, lá no Projecto Omunga, que me ajudou muito a me relacionar com crianças e pessoas de diferentes tipos», garantiu.


Tudo dá-se em 2003, ano em que Mita ingressou na função pública, abraçou a Universidade e trabalhava como educadora social de ONG angolana. Mais uma decisão difícil foi tomada, abdicar a ONG. «Não me foi possível aguentar os três compromissos. Estava mesmo a prejudicar-me tanto, que preferi eliminar um lado».


Estudante nocturna, sem transporte próprio e a morar no morro da Kalumba, Mita teve várias dificuldades. Sabe-se que entre Lobito e Benguela ficam trinta quilómetros de escuridão e riscos.


«Durante os quatro anos de curso, fui enfrentado algumas dificuldades. Primeiro, foi a questão financeira, como professora a depender de mim própria. O que ganhava só dava para pagar propinas [10 mil e 800 kwanzas, equivalente a USD 150], mas eu fui lutando para pelo menos eliminar todas as disciplinas. A outra dificuldade foi a distância, nisto podemos incluir também o transporte», recordou.


A estudante e professora, Maria Dumbo Casseque “Mita”, até já pensa em fazer o mestrado! E como é sonho de qualquer mulher, diz ela, espera um dia ser mãe. Até lá, fica a satisfação de ver sonhos alcançados. «Ah, foi muito bom! Foi difícil, né?, mas agora digo que foi bom. Porque, tem-se dito, depois da tempestade vem a bonança», concluiu.

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Recorde-se que a rubrica “Nossa Homenagem” é oferta do programa de mesa redonda radiofónica, “Viver para Vencer”, uma produção da ONG angolana Associação Juvenil para a Solidariedade (AJS), às terças-feiras, das 17-18h30, através da Rádio Morena Comercial (97.5FM), cobrindo as cidades de Lobito, Benguela e Baia Farta.
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AJS – “A cidadania é resultado de um exercício permanente de Educação e Comunicação”.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Janeiro foi fatal - Um morto por dia nas estradas de Benguela

Cento e sessenta e quatro acidentes de viação foram registados na província de Benguela em Janeiro último, de que resultaram 33 mortos, numa cifra de um por dia. O número de feridos anda à volta de duas centenas, estando os danos materiais calculados em cerca de 18 milhões e meio de kwanzas. Já na primeira semana de Fevereiro ocorreram já 28 acidentes, dos quais três mortos e 36 feridos. O município de Benguela é o que mais casos registou.


Os dados foram revelados recentemente pelo 1º Superintendente Conceição Gomes, quando representava o Comando Provincial da Polícia Nacional na mesa redonda sobre “Perigos no Trânsito”, do programa radiofónico pela cidadania e saúde preventiva, “Viver para Vencer”, produzido pela ONG angolana AJS – Associação Juvenil para a Solidariedade.

«Nós temos como causas destes acidentes a imprudência, fundamentalmente, onde engloba o desrespeito às regras de trânsito, destas, as manobras perigosas, a condução em estado de embriagues, a fadiga, a utilização de instrumentos inapropriados, como sendo os telemóveis», revelou recentemente ao 1º Superintendente Conceição Gomes.

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KUPAPATAS RESISTENTES AOS REGULAMENTOS, DIZEM QUE A CULPA É DO CAPACETE


É quase impossível falar do trânsito em Benguela sem tocar na figura dialéctica do kupapata, ou mototaxistas. Tão úteis, que surgem no momento da aflição e da emergência. É só passar pelos hospitais para confirmar a sua prontidão. Mas, no melhor pano cai a mancha, tendo em conta os perigos que causam no trânsito com as suas ultrapassagens pela direita e, acima de tudo, generalizado desconhecimento do código de estrada. Este último, por sua vez, consequência do bastante débil mecanismo de atribuição de licenças de condução tutelado pelas administrações municipais. «Quatro em cada dez acidentes envolvem um kupapata», já lembrava, há coisa de um ano, uma alta patente da Polícia de Viação e Trânsito.


A equipa do Viver para Vencer procurou auscultar opiniões de três segmentos da população que mais usa dos transportes colectivos, um kupapata, um estudante e um zungueira.


«Quando estou a andar na minha mota, o que me atrapalhava é só o capacete», referiu o conterrâneo kupapata para adiante justificar que deixou de usar o referido protector por lhe causar subida de tensão arterial. Adepto do argumento segundo o qual o capacete impede o sentido de audição, o nosso interlocutor dramatiza: «muitos que estão a morrer por causa do capacete, porque aquilo mata. Só tem que ser na via longa, daqui ao Huambo, mas aqui na cidade traz acidente. Mesmo eu que estou a falar, escapei de morrer», asseverou.


No entender de Edmundo Francisco, presente à mesa redonda enquanto Coordenador Executivo da AJS e estudante de psicologia, o assunto dos perigos com o kupapata «é importante e deve ser debatido, porque faz parte das preocupações da sociedade, que está preocupada com a segurança no trânsito».


Por seu turno, o sociólogo Ronaldo Fernandes considera paradoxal a tese da insegurança supostamente provocada pelo uso do capacete, já que «no mundo afora, o uso do capacete é tão normal e todo mundo usa, é diário e não incomoda nada». E para dissipar dúvidas, esclareceu que também já experimentou o uso do capacete.


Outra voz “irredutível” quanto o uso do capacete é a do 1º Superintendente Conceição Gomes, que junta à obrigatoriedade da lei a necessidade moral de protecção de uma das mais essenciais parte do corpo humano, no caso a cabeça. Pelo que, em seu entender, trata-se de irresponsabilidade dos jovens.


Começava a escurecer quando entrevistamos a conterrânea zungueira, justificando-se por isso a aflição em que se encontrava. Logo ela, que até tinha uma preocupação sagrada: «quero ir fazer jantar do meu marido, que essa hora está à espera que a mulher foi vender, e os táxis estão difíceis», revelou. Questionada se gostava (entenda-se tinha o hábito) de andar de mototaxi (kupapata), a cidadã zungueira disse que não, «porque algumas pessoas não regulam».


Para o jovem estudante, o principal motivo de insegurança quando sai à rua é notar ausência dos agentes reguladores do trânsito. «Gosto de andar de hiace, porque mota é um perigo», disse. De autocarro sim, mas, por serem lentos, «só anda quando falham os táxis. De mota, mesmo já é no último caso», confessou.


(AJS - Cidadania e saúde preventiva)

Dê suas mãos às comunidades!

Há sensivelmente trinta quilômetros da cidade ferro-portuária do Lobito, na direcção Norte, entre montanhas, situa-se a localidade da Ha...