sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Línguas: quantas existem no mundo?

É comum perguntarmo-nos quantas línguas existem no mundo. Mas a questão não encontra fácil resposta, porquanto os estudiosos do assunto não chegaram a um consenso.

Mas, segundo a especialista Colete Grinevald, professora de linguística da Universidade Lyon II, na França -- convidada da Unesco para traçar um panorama dos idiomas falados no mundo -- existem seis mil línguas faladas hoje no Planeta Terra. Todavia, somente metade delas resistirá até o ano 2100. Nas Américas e na Austrália, 90% das línguas vão desaparecer até o fim deste século.

Vê-se, então, que as línguas, assim como as espécies animais e vegetais, vivem em perigo no planeta. A vida de muitas delas está por um fio, pois tendem a desaparecer à medida que não são mais faladas. Língua viva é língua falada, de contrário, morre. Actualmente 97% das pessoas do mundo falam apenas 240 dos seis mil idiomas existentes. Essa estatística aponta o fim para muitos idiomas no mundo. É uma realidade inexorável.

Entre as línguas, há as mais faladas que outras. A primeira é o mandarim, na China, falado por 1 bilhão de pessoas. A segunda, o inglês, falado por 510 milhões de pessoas. Em terceiro lugar vem o hindi, na Índia, falado por 500 milhões de pessoas. Em quarto lugar está o espanhol, falado por 400 milhões de pessoas. O russo aparece em quinto lugar, falado por 280 milhões de pessoas. Em sexto está o árabe, falado por 250 milhões de pessoas. Em sétimo o Bengali, na índia, falado por 210 milhões de pessoas. O português, falado por 200 milhões de pessoas, aparece em oitavo lugar. Em nono lugar está o indonésio, idioma falado por 180 milhões de pessoas. E em décimo lugar o francês, uma língua falada por 130 milhões de pessoas.

Indaga-se, então, se estas línguas tão faladas correm risco de desaparecimento? Segundo a pesquisadora francesa Colete Grinevald, nenhuma delas está fadada à extinção. São línguas com rica literatura e amplo número de falantes. A cadeia delas decorrente soma milhões e milhões de falantes, no curso de gerações. Assim, nenhuma das 10 línguas mais faladas, aqui apontadas, corre algum risco. Elas tendem a multiplicar o número de falantes e por isso estão em constante expansão.

De outra parte, assim como há línguas vivas e bem vivas, há aquelas que estão ameaçadas de extinção. É o caso das línguas indígenas amazónicas, que sofrem devastação na sua diversidade linguística. E esse facto é um triste fim para uma realidade sobre a região mais rica do planeta. Falam em revitalizar línguas, mas não há pessoa de bom senso que acredite que alguém possa reinventar uma língua que desapareceu. Aqui na Amazónia há grupos indígenas que tentam reviver uma língua que já todo mundo deixou de falar. A única coisa que eles podem fazer é lista de palavras e mandar os meninos aprenderem. Lista de vocabulário não é a língua. Ou seja, o que se perdeu, definitivamente, são as regras abstractas que estão na mente dos falantes. Isso se perdeu e não há como recuperar, ainda mais por meio de listas de palavras ou algo semelhante. Uma língua que desaparece para sempre, não há como ressuscitá-la. Se alguém sabe como fazer isso, então faça e estará operando um verdadeiro milagre.

Nesse cenário, então, o que poderia ser feito em prol das línguas amazónicas seria a catalogação do imenso e rico acervo linguístico, depositando-o num centro de pesquisa e estudos etnolinguísticos, no intuito de legar, às futuras gerações, fonte preciosa à compreensão dessas culturas. Estudando uma língua é possível compreender toda a vivência de um povo, bem como perceber que não somente a guerra, genocídios, mas também os desastres naturais, a difusão de línguas dominantes, o pouquíssimo número de falantes, são factores que levam à extinção de um idioma. Isso porque, de certa forma, o processo de desaparecimento de uma língua é semelhante àquele de extinção de uma espécie animal.

Para concluir a reflexão, diz-se, com base em dados históricos, que mais da metade de todas as línguas existentes no mundo estão condenadas à extinção, até o final deste século. Os linguistas crêem que entre 3.400 e 6.120 línguas podem desaparecer antes de 2100. Esse dado supera a conhecida estatística de uma língua extinta a cada duas semanas. E uma das razões para o desaparecimento de muitas delas está no facto de serem faladas por comunidades pequenas. E, de acordo com a Unesco, para passar de uma geração a outra, uma língua precisa ser falada por pelo menos 100 mil nativos.

Dicas de gramática
1. A temperatura chegou a zero graus ou a zero grau? R: Zero é sempre singular: zero grau, zero-quilômetro, zero hora.

2. Fazem cinco anos ou faz cinco anos? R: Fazer, quando exprime tempo, é impessoal. Então, diga: Faz cinco anos. / Fazia dois séculos. / Fez 15 dias.

3. Há dez anos atrás ou há dez anos? R: Há e atrás indicam passado na frase. Então, diga: Há dez anos ou Dez anos atrás.
______________________
Luisa Galvão Lessa - é Pós-Doutora em Lexicologia e Lexicografia pela Université de Montréal, Canadá; Doutora em Língua Portuguesa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ; Membro da Academia Brasileira de Filologia: Membro da Academia Acreana de Letras.

Sem comentários:

Dê suas mãos às comunidades!

Há sensivelmente trinta quilômetros da cidade ferro-portuária do Lobito, na direcção Norte, entre montanhas, situa-se a localidade da Ha...