quinta-feira, 12 de julho de 2007

Salários baixos, poucas condições de trabalho e falta de transporte... são principais dificuldades do trbalhador em Angola

O trabalho é um direito e ao mesmo tempo um dever do cidadão, fazendo jus à velha máxima de que “o trabalho dignifica o homem”. Entretanto, a natureza do emprego acarreta uma imensidão de factores, ligados à complexidade da natureza humana e da luta pela produtividade.

Em Angola, o Estado é ainda o principal empregador, e nos últimos anos regista-se uma procura maior de cidadãos por um lugar na função pública, resultante também de uma série de melhorias da parte do Executivo, nas suas vestes de gestor do Estado.

Nos festejos de mais um aniversário do Dia do Trabalhador, a nossa produção colheu opiniões de dois chefes de família, sobre a situação do trabalhador, cujo depoimento também passou na edição do programa radiofónico “Viver para Vencer”, no debate sobre o tema. Tratam-se do cidadão Ismael Soma, professor e funcionário do sector privado, bem como da conterrânea Janeth Raposa, empregada no sector privado há um ano.
Na avaliação que faz o cidadão Ismael
, “a situação do trabalhador é difícil, como não deve fugir à regra do que acontece noutras partes do mundo. Mas aqui as dificuldades são acrescidas, porque em qualquer sector nos pedem muito trabalho, mas muitas vezes somos mal remunerados. Para além da remuneração também não nos põem à disposição os meios necessários para executar o tal trabalho, fazendo com que um trabalho que era suposto ser fácil implique muito desgaste físico, quando já se vive a era do avanço tecnológico”. Disse ainda que “a falta de transporte, a escassez de meios de trabalho e a má remuneração são os principais sacrifícios do trabalhador angolano”.

Por seu turno, a cidadã Rosa está empregada no sector privado, enquanto não consegue vaga na função pública. “Estou satisfeita no meu emprego, porque consigo assim ajudar em alguma parte”, declarou. A situação “é estável apesar de que estamos a evoluir agora, depois de uma época de guerra bastante longa”, retratou esperançosa.

Questionado pelo repórter Florentino Calei sobre o que gostaria que mudasse, o nosso entrevistado foi concreto. “Os critérios de antiguidade não prevalecessem. Há exemplos, na Educação, de docentes que auferem um salário superior ao de um licenciado. A marca deveria ser o critério de qualificação na politica salarial”. E quanto ao ajustamento salarial recém-anunciado para a função pública, “é bem-vindo, mas é preciso sentir que 12,21% não se vão reflectir muito nos salários, porque eles já são baixos”, alertou.

E a cidadã Rosa deixou recado para os empregadores: “que mudem! Dar mais oportunidades aos trabalhadores do seu país e não tanto aos estrangeiros, porque nós vemos que há muita diferença”. O desejo de Ismael é “que sejam mais justos. O povo angolano é bastante sofredor. Devem pagar bem, respeitar o trabalhador e permitir que dentro das empresas os trabalhadores se organizem em sindicatos”.

A União Nacional dos Sindicatos na província de Benguela controla 52 mil filiados em 11 sindicatos. Os dados foram revelados por Alfredo Gomes, durante o debate sobre a situação do trabalhador, no programa radiofónico “Viver para Vencer”, emitido pela Rádio Morena, sob iniciativa da AJS.

Mas para o ouvinte Amos Chitungo, a débil prestação de contas sobre as receitas leva os filiados a se reverem pouco nos sindicatos.

No entender de Alfredo Gomes, “de uma maneira geral a situação do trabalhador em Angola está protegida através de vários diplomas legais”, lamentando ainda assim a evidente fraca cultura sindical do trabalhador que se furta a pagar as suas quotas.

Coincidência ou não, pouco depois desta afirmação, uma cidadã ao telefone denunciava um suposto acto de despedimento arbitrário, por parte da Empresa sul-africana Shoprite, pelo simples facto de a funcionária ser portadora de deficiência. Sem descrever que tipo de deficiência da colega, garantiu apenas que a mesma não interferia no desempenho.

Abílio Xavier, Representante da Liga de Apoio à Integração dos Deficientes (Lardef), repugnou o suposto acto preconceituoso da Shoprite, já que a deficiência não deve ser factor de desemprego.

Ambrósio Wima, que representava o Mapess, aconselhou, para estes casos, “o encaminhamento à Direcção Provincial da Administração Pública, junto da Área de Inspecção para apurar os factos deste despedimento”. Prossiga você o debate! (AJS - "A cidadania é resultado de um exercício permanente de educação e comunicação)

1 comentário:

Anónimo disse...

O MPLA COMO MARCA


O MPLA como Marca representa um poder permanente em função de mais do que a sua história e multiplicidade de histórias e perpetuações das suas tradições.
Um dos factores qualitativos de recriação da sua força consiste na lealdade da corrente regeneradora dos seus aliados.
Os seus atributos, qualidade e expectativas criadas e uma amálgama de resultados e sua funcionalidade reforçam uma narrativa que impulsiona a sua existência.
Não há dúvida de que as crenças sagradas, criações, metas e seu prestígio, sua visão e missão, capacidade de inovação reforçam o seu posicionamento.
A sua suposta notoriedade e fidelização em constante construção criando boas ligações emocionais melhorarão consideravelmente essa marca.
Sendo assim será que a marca MPLA é um sistema propulsor e fonte de criação de valor?
Será que a notoriedade do MPLA continua a ser evocada de forma espontânea?
Para que a marca MPLA se perpetue será necessário que as atitudes das pessoas correspondam a avaliações globais favoráveis.
Não há dúvida que a força da marca MPLA quase se confundirá a um culto descentralizado e de interacções e laços fortes e experiências partilhadas que criam várias identidades verbais e simbólicas.
Para falar da antiguidade da Marca MPLA teremos que falar forçosamente do seu núcleo fundador de Conacry dos anos 60.
A marca MPLA se perpetua pelo seu prestígio devido as associações intangíveis, pelo seu simbolismo popularizado incontornável e grandes compromissos com o passado.
O MPLA como marca, alem de possuir narrativas de sobrevivência, inclui testemunhos que dão a história, significados mais profundos e grande carácter de emocionalidade.
A história do nacionalismo e luta de libertação pelos actores de renome a partir da fundação do MPLA em Conacry pelos seis fundadores bem personalizados, como Viriato da Cruz, Mário Pinto de Andrade, Hugo José Azancot de Menezes, Lúcio Lara, Eduardo Macedo dos Santos e Matias Migueis perpetuarão essa marca de forma reflectida.
Poderemos então afirmar que os fundadores de Conacry foram os agentes prioritários e fundamentais da verdadeira autenticidade da marca MPLA.
A dinâmica da história e a construção de identidades pressupõem estados liminares, pelo afastamento constante de identidades anteriores.
Desenvolver a cultura da marca MPLA exigirá um constante planeamento e estratégias que permitirão reunir e sentir esta marca global.
Para terminar apelaria que nas verdadeiras reflexões que a lenda da marca não obscurecesse a lenda dos fundadores verdadeiros artífices.
Escrito Por:
AYRES GUERRA AZANCOT DE MENEZES

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