segunda-feira, 18 de maio de 2020

NOVO MERCADO INFORMAL DO LOBITO EM ZONA DE RISCO

As mais de sete dezenas de mortes assistidas no dia 11 de Março de 2015, nas cidades do Lobito e da Catumbela, causadas por fortes correntes de águas[chuvas] que arrastaram naquela mesma noite várias casas situadas junto dos condutores e colectores naturais das águas das chuvas, cujas culpas foram imputadas aos próprios mortos pelas Administrações Municipais, continuam, cinco anos depois, a atormentar os sobreviventes daquele trágico incidente.

O argumento de que as populações terão construído ao longo do tempo em zonas de riscos (ZR), talvez tenha servido de balsamo para os gestores públicos, entretanto, pouco se fez para mitigar tal realidade. Até parece que se espera que passe meio século para que se torne um facto cientificamente histórico, e dele retirarem as lições necessárias à aprendizagem, pois se diz por aí que “um povo que não conhece a sua história está condenado a repetir seus erros”. Mas é também verdade que o tempo não espera pelos pressupostos científicos e por isso, a vivência acompanha a dinâmica do mesmo.




A construção em Zonas de Riscos tornou-se polêmica, gerou debates, discriminou munícipes. 



Acredita-se que tal situação tenha até feito doentes, mas responsabilização para as Administrações, organismos que têm o poder de conceder terrenos, fiscalizá-los e tudo mais, niente!  Portanto, a imunidade que assiste às instituições estatais e seus respectivos gestores, mesmo quando detratam e atropelam o interesse público, não permite “melhorar o que está bem e corrigir o que está mal”. Tal é facto que, ainda assiste-se hoje, a Administração do Municipal do Lobito a desenvolver obras em Zona de Risco para a implantação do novo mercado informal.

Em decorrência do Estado de Emergência, na sua primeira fase, a Administração Local destruiu dois mercados de referência, o Chapanguele, que faz a fronteira entre as partes baixa e alta da cidade que por sinal é o maior entre todos e o Compão, situado bem no centro da cidade. Na escassez de espaços vagos, a Administração indicou um terreno baldio situado no bairro do São João do Lobito. Porém, o bairro São João já não tem a sua estrada, parte do troço Africano – Catumbela, há mais de vinte anos. O terreno em entulho para o respectivo mercado está a ser feito na zona onde se recolhem as águas das chuvas que vêm da zona alta da cidade e que ao longo da história de vida do São João, acabaram soterrando parte das residências e estabelecimentos comerciais por lá existentes. Portanto, a viabilidade do terreno da nova praça pode até ser política, mas representa um risco econômico, financeiro, social, geográfico e demográfico.  

Ainda vamos só proteger as vidas das pessoas prevenindo-as do mal, afinal gerir também é prever, né! 

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