sexta-feira, 22 de maio de 2020

Projecto "Eka Lietu Vo Mbala"

Participe da implementação do primeiro Banco Alimentar em Benguela!
Estamos localizados no
Lobito, bairro Santa Cruz,
na rua do Colégio Público doI ciclo 
Rei Mandume.

quarta-feira, 20 de maio de 2020

AINDA RESTAM MANHÃS!


Manhãs que nos levantarão desse tédio, e nos reabrirão o portão da vida, sem as luvas do medo nas mãos
Manhãs que nos devolverão a enxada do labor, e que nos enxugarão do rosto o suor, sem a paranóia da água com sabão
Ainda restam manhãs que nos trarão a quentura daquele abraço, algemado na estúpida ânsia do tal de confinamento
Restam aquelas manhãs,
molhadinhas no chuvisco bucal de beijos que já se fartaram de tanto jejuar
Ainda restam passeios de mãos dadas à beira mar, descalçados na morna conexão entre o cintilar da areia e o piscar do sol
Restam chãos riscados no compasso gingar de corpos bailarinos, arrepiados na celebração do funeral desse vírus papão
Ainda restam lembranças por partilhar, lágrimas amargas por enxugar, feridas abertas por cicatrizar, e peitos apertados por suspirar!

Sim, ainda restam manhãs!


Por: eUzInHo
(facebook: Edmundo Francisco Francisco)

Kota Zé e a Vida


Enquanto distribuíamos kits alimentares providenciados pela administração da Catumbela, nas periferias fronteiriças entre o Lobito e a Catumbela, encontramos o senhor Zé Maria que vendia tudo do nada que tinha. Obviamente nos sensibilizou e não resistimos à necessidade de deixar com ele um kit, mesmo não fazendo parte do cadastro das famílias vulneráveis.

Podemos concordar que fé e esperança podem manter viva a alma, mas resistir à fome é para além de mental, um exercício físico. Daí que contam os dias para um ser vivo manter-se sem alguma alimentação, aliás, até porque para se alimentar precisa-se engenhar estratégias de aquisição dos alimentos. Alguns o chamam emprego, outros fonte de receitas ou negócios, mas na verdade todo mundo trabalha, pelo menos.


A vontade de trabalhar, que nos parece natural ao ser vivo, impele-nos a labuta, não é à toa que nos mandaram ter com a Formiga para algumas aulas de organização do trabalho, e também sentenciados com as seguintes palavras: “do suor do teu rosto comerás pão...”

Talvez seja essa sentença que desestimula Zé Maria com as suas mais de sete dezenas de anos vividas, por enquanto, a não enveredar em caminhos menos dígnos para encontrar o que comer, sujeitando-se à venda de tudo do nada que tem.

Imagine em pleno século XXI alguém produzindo adobes para vendê-los em zonas urbanizadas. Ele está trabalhar, mas em algo que não tem clientes nas zonas urbanas há mais de duas décadas. É um negócio do outro século para uma certa elite. Sim, o kota Zé Maria vende artigos do século passado e desconhecidos pela maioria dos consumidores impulsivos dos dias de hoje. Entanto fazia parte dos produtos à vendas na bancada do kota Zé cassetes vídeo que funcionam apenas num deck ou leitor VHS, hoje, substituídas por discos compactos e seus respectivos leitores VCD, DVD, sem nos esquecermos dos vários periféricos digitais para vídeos e áudios que a informática proporciona. Quem mais compraria uma cassete vídeo? Entenda-se aqui que naquele momento ele vendia tudo do nada que tinha, pois a esperança e a fé se encarregariam do resto. O resto pode ser a comida para o seu jantar logo mais.
Angolanos e angolanas na condição do kota Zé há em números grandes e espalhados por essa Angola. Estamos entre os 12 e 13 milhões de angolanos vivendo uma pobreza extrema.


O projecto "Eka lietu vo mbala" da AJS e parceiros já cadastrou o kota Zé Maria para constar entre as quinhentas famílias que se beneficiarão da assistência social e humanitária, residentes nos bairros periféricos do Lobito e da Catumbela. E você pode ser o financiador de uma dessas famílias através da sua doação de bens ao banco alimentar. Conheça mais do projecto! 

segunda-feira, 18 de maio de 2020

Campanha dar Vida às comuinidades



AJS e parceiros levam a cabo uma campanha para a criação de um banco alimentar para apoiar com bens alimentares às famílias vulneráveis nas periferias das cidades do Lobito e da Catumbela.

A campanha está enquadrada no projecto de assistência humanitária "EKA LIETU VO MBALA", que pretende apoiar cerca de 500 famílias em situação de extrema vulnerabilidade social. Comprometa-se com o banco alimentar.

Vamos ajudar quem mais precisa, contamos com você!..

NOVO MERCADO INFORMAL DO LOBITO EM ZONA DE RISCO

As mais de sete dezenas de mortes assistidas no dia 11 de Março de 2015, nas cidades do Lobito e da Catumbela, causadas por fortes correntes de águas[chuvas] que arrastaram naquela mesma noite várias casas situadas junto dos condutores e colectores naturais das águas das chuvas, cujas culpas foram imputadas aos próprios mortos pelas Administrações Municipais, continuam, cinco anos depois, a atormentar os sobreviventes daquele trágico incidente.

O argumento de que as populações terão construído ao longo do tempo em zonas de riscos (ZR), talvez tenha servido de balsamo para os gestores públicos, entretanto, pouco se fez para mitigar tal realidade. Até parece que se espera que passe meio século para que se torne um facto cientificamente histórico, e dele retirarem as lições necessárias à aprendizagem, pois se diz por aí que “um povo que não conhece a sua história está condenado a repetir seus erros”. Mas é também verdade que o tempo não espera pelos pressupostos científicos e por isso, a vivência acompanha a dinâmica do mesmo.




A construção em Zonas de Riscos tornou-se polêmica, gerou debates, discriminou munícipes. 



Acredita-se que tal situação tenha até feito doentes, mas responsabilização para as Administrações, organismos que têm o poder de conceder terrenos, fiscalizá-los e tudo mais, niente!  Portanto, a imunidade que assiste às instituições estatais e seus respectivos gestores, mesmo quando detratam e atropelam o interesse público, não permite “melhorar o que está bem e corrigir o que está mal”. Tal é facto que, ainda assiste-se hoje, a Administração do Municipal do Lobito a desenvolver obras em Zona de Risco para a implantação do novo mercado informal.

Em decorrência do Estado de Emergência, na sua primeira fase, a Administração Local destruiu dois mercados de referência, o Chapanguele, que faz a fronteira entre as partes baixa e alta da cidade que por sinal é o maior entre todos e o Compão, situado bem no centro da cidade. Na escassez de espaços vagos, a Administração indicou um terreno baldio situado no bairro do São João do Lobito. Porém, o bairro São João já não tem a sua estrada, parte do troço Africano – Catumbela, há mais de vinte anos. O terreno em entulho para o respectivo mercado está a ser feito na zona onde se recolhem as águas das chuvas que vêm da zona alta da cidade e que ao longo da história de vida do São João, acabaram soterrando parte das residências e estabelecimentos comerciais por lá existentes. Portanto, a viabilidade do terreno da nova praça pode até ser política, mas representa um risco econômico, financeiro, social, geográfico e demográfico.  

Ainda vamos só proteger as vidas das pessoas prevenindo-as do mal, afinal gerir também é prever, né! 

quarta-feira, 13 de maio de 2020

Lavemos as Mãos


No âmbito da campanha “Lavemos as Mãos”, a Associação Juvenil para a Solidariedade (AJS) procedeu, no dia 12 de Maio de 2020, a instalação de mais um barril para a lavagem das mãos com água e sabão, no bairro Santa Cruz, concretamente no Caposto, localidade pertencente à Zona 4 do município do Lobito.

A instalação de barris com água e sabão nas comunidades é uma iniciativa da AJS e da associação C.C.C.C(Comunidade de Convicto Compromisso com a Cidadania), que conta com o apoio da empresa Soba Catumbela. A iniciativa teve o seu lançamento formal no dia 23 de Abril de 2020, no bairro Alto – Liro.

A lavagem constante das mãos com água e sabão faz parte da lista de procedimentos e comportamentos recomendáveis na prevenção contra a infecção da Covid – 19. É por isso, que daquela localidade recebeu com satisfação a iniciativa. Para além do Soba do bairro, também estiveram presentes ao acto de entrega do barril membros da comunidade e responsáveis de instituições comunitárias e juvenis, que se comprometeram em cuidar da manutenção da campanha “Lavemos as Mãos”, na comunidade da Santa Cruz, pois a cidadania é resultado permanente de comunicação e educação.



domingo, 3 de maio de 2020

O Vírus chinês e o seu impacto


A notícia sobre a existência de um vírus sem controlo tecnologicamente possível e muito letal à vida humana espalha-se pelo mundo todo. Igual a galinha que “grão a grão enche o papo”, o vírus chinês, que por conta da OMS passou a ser conhecido oficialmente por novo coronavírus, causadora da COVID, manifesta-se inicialmente na China em finais de 2019 e, em menos de mês toma conta de mais países na Europa. Mais um país na América, outro em África e mais uns tantos e tantos a uma velocidade rápida, o mundo todo se infecta do vírus e consequentemente as suas mortes em números assustadores.

O mundo se recolhe. E enquanto se pensa na cura do “inimigo invisível” como passou a ser estranhamente chamado, entre as soluções emergentes para diminuir os estragos mortais da COVID – 19, os países começam a cancelar os contactos com a raiz da pandemia, a China. Afinal já é tarde demais, e porque não são só os chineses que andam, cada país começa a recolher os seus de lá onde se encontravam, China, Cochinchina e tudo mais.

Para muitos países o Estado de Emergência é convocado bem às pressas para afigurar à lista de soluções do combate à COVID – 19, um pouco depois da implementação estratégica por algumas nações da chamada quarentena que para uns, também quarentona. Mais no bom português falado e escrito ao rigor é mesmo QUARENTENA. E como a culpa não morre só, a quarentena pariu a imperativa medidas e orientações de segurança preventiva #Ficaemcasa(campanha fica em casa). Também por orientação médica, a lavagem constante das mãos com água e sabão, a eliminação dos beijos, abraços e visitas, tal quanto o distanciamento entre pessoas com um limite mínimo de metro, passaram, por recomendação, a fazer parte da dieta do dia a dia, enquanto formas de evitar, principalmente, o contágio comunitário da pandemia.

Portanto, o Estado de Emergência é definitivamente o grande remédio para levar cidadãos e cidadãs à observação e cumprimento das orientações médicas. Por isso, em Angola, o Presidente da República através de um decreto, anuncia a entrada em vigor do Estado de Emergência com as suas medidas de restrições. Competência sua ou não, mas a verdade é que foi o PR a decretá-lo.   

Compreendido por uns, ignorado por outros, o Estado de Emergência e as suas restrições deixou a céu aberto um conjunto de realidades pouco esperadas: que não devíamos nos mentir, África não é Europa e por isso, as medidas restritivas adoptadas deviam ser bem pensadas e não imitadas; também deu para perceber que afinal o Estado angolano não é um Estado de providência, pois na hora da providência tudo ficou escuro; ainda constatou-se que a economia angolana e a situação social dos angolanos estão significativamente dependentes do mercado paralelo; novidade ou não, no entanto, grande número dos angolanos e angolanas vive no limite da extrema pobreza, pois garantem a refeição do dia no mesmo dia; a comunicação social faz um excelente trabalho de sensibilização através de vários meios de comunicação, entretanto há um grupo da sociedade voluntariamente excluído por falta de condições, só para citar algumas realidades. Mas uma reflexão sobre a gravidade da vulnerabilidade social de muitas famílias angolanas pode estar associada à imagem real do estado de saúde mental dos os angolanos.

Na campanha de sensibilização e moblização das comunidades sobre as medidas de prevenção de combate à COVID - 19 desenvolvida pelas Organizações Não Governamentais, AJS (Associação Juvenil para a Solidariedade) e a Associação Omunga, nos municípios do Lobito e da Catumbela, foi possível encarar a realidade de muitas famílias a viverem em zonas com difícil acesso à água corrente e luz eléctrica. Uma chefe de família disse que - “aqui no Alto Vikundu a bacia de água custa 100,00 kz. Uma água que só vai aí ter às custas de camiões com cisternas.

Uma outra realidade muito comum em outras famílias foi constatar que seus responsáveis enfrentam doenças crônicas. Por exemplo, uma família de onze membros encontra-se reduzida a três, sendo que oito deles faleceram de tuberculose entre o ano passado e o corrente. A mesma doença continua a afligir os restantes membros da mesma família. Uma senhora na casa dos 60 que depende da revenda de hortícolas sustenta cinco netos e duas filhas. Entre os netos da anciã, dois têm acesso à escola e um entre os restantes três sofre de perturbações mentais e é paraplégico.

Na verdade cada família com seus problemas característicos, que os tornam socialmente vulnerável.
Na senda da campanha de sensibilização, a AJS encaminhou para as administrações do Lobito e da Catumbela listas com um total de 131 famílias identificadas em situação de vulnerabilidade social extrema. Aliás, essa realidade talvez seja a constatação real daqueles dados tornados públicos pelo Instituto Nacional de Estatística que atesta que de 2018 á 2019, 42% da população angolana vivia em extrema pobreza, isto está perto de 12 á 13 milhões de angolanos.  Não é difícil imaginar como a entrada em vigor do Estado de Emergência terá aumentado consideravelmente a pobreza em muitas famílias angolanas, obviamente, para quem garante a comida no mesmo dia, encontra uma série de dificuldades. Certa moradora disse: – mas é como tudo, ou saímos para procurar comida e morremos com a doença ou ficamos em casa fugindo a doença e morremos de fome, a decisão é alheia.
E para lá ficam as questões que não se calam dentro de muitos: mas afinal de quem é a responsabilidade? O programa de combate a pobreza serve pra quê? Atende quais populações?

Facto é que algumas famílias fazem apenas uma refeição por dia, que já não é uma refeição como tal. Mas é o que podem.

Dê suas mãos às comunidades!

Há sensivelmente trinta quilômetros da cidade ferro-portuária do Lobito, na direcção Norte, entre montanhas, situa-se a localidade da Ha...