Há sensivelmente trinta quilômetros da cidade ferro-portuária
do Lobito, na direcção Norte, entre montanhas, situa-se a localidade da Hanha
do Norte. Pertencente a comuna sede, a Hanha do Norte é administrativamente uma
porção da coordenação da Zona 10, cuja capital é a localidade do
Kulañu(Kulangu). Porém, seguindo o curso da estrada asfaltada que liga a Hanha
e o Kulañu, o percurso pode durar aproximadamente sessenta quilômetros. Na verdade
há uma outra via, talvez um corta mato, que dista quase quinze quilômetros da
cede zonal, mas que não possibilita o trânsito de viaturas, sejam elas ligeiras
ou pesadas.
Com uma população estimada em 4 mil e 154 habitantes, a Hanha apenas pode lamentar-se do seu potencial
turístico, para mencionar, a famosa Praia da Jomba, bem juntinha a antiga
fábrica da Água da Jomba comercializada no centro da cidade do Lobito. Esta praia
com a sua água, é das mais límpidas da província de Benguela. Apesar de o
acesso ser hoje um verdadeiro teste para as viaturas, por isso, orienta-se
viaturas com tracção às quatro rodas, o zigue zague da descida desde o cume até
ao balneário é convidativo, entretanto mais seria se asfaltada a estrada
estivesse, assim como era no tempo colonial.
Na Hanhá, a agricultura, a pesca e criação de gado
configuram a lista das actividades principais dos moradores. Por exemplo, o rio
Kulañu que serpenteia a aldeia sede, dá vida às variadíssimas culturas próprias
daquela terra. E então o gesso envolto às montanhas traz imagens em ação de uma
Hanha cobiçada por visionários que com a sua responsabilidade social
investiriam numa escola do ensino médio técnico e profissional que formasse
exploradores minerais. E o gesso seria sim, o ouro daquela população.
Ao visitar a Hanha dois agentes de socialização chamam a
atenção, a Escola BG nº 2019 e a Associação Comunitária Tuyula Lomunga. Esta
última, fundada em 2016 é produto da responsabilidade social da empresa Odebrecht
a quando da construção da Refinaria do Lobito. Contudo, a associação desempenha
um papel preponderante na economia da Hanha, pois, para além de gerir uma moageira,
a associação produz artesanalmente um sabão de excelente qualidade.
Portanto, a Hanha não deixa de fazer parte de um conjunto de
potenciais gigantes economicamente adormecidos nessa Benguela de Angola, visto
que a sua estrada reclama por reparações, a corrente eléctrica continua a ser coisa
do outro mundo e a água canalizada para o consumo doméstico ainda é miragem.
Visite a Hanha do Norte!
“Eka Lietu Vo Mbala”.
Texto: Lofa Kakumba
Foto: Samuel Sambaly
Colaboração: Joaquim Kulembe
Martinho Satchaka