O dia a dia de todos nós ganhou
uma nova imagem, crianças deambulando de um lado ao outro não apenas nas ruas
do centro da cidade, mas também nas ruelas dos bairros da periferia da cidade. O
número é cada vez crescente.
Procurando o quê? Latas, arames
de metal, retalhos de tecidos ou caixas de papelão para exercitarem a sua
inteligência artística, como foi durante a infância de muitos entre nós?
Apesar das lojas do povo nos dias
do partido único, os brinquedos não eram para todos do povo, ou seja, de tão
escassos, apenas serviam para a decoração das salas de estar. Mas, no entanto,
a natureza da brincadeira na criança não esperava pelos brinquedos das lojas do
povo, aliás, os mesmo também somente chegavam ás vésperas do natal. E parecendo
que não, quanto mais distante do mar se estava, mais lunático era o sonho do
brinquedo industrializado.
A criatividade levava as crianças
na procura, onde quer que fosse, de vários objectos para serem transformados em
brinquedos de carros de latas e de fios, bonecas de panos, casas de barro,
arcos de jantes e tanto outros. Era sim, o motivo da criançada nas ruas.
Diferente do ontem do partido
único, hoje, há mais crianças nas ruas, até porque a população angolana cresceu,
mas não é a procura de meios para criarem brinquedos. As crianças estão nas
ruas a venderem tomate, cebola, pimenta, feijão e muito mais. Elas cruzam
bairros, escalam montanhas, esquivam carros e enfrentam assaltantes. Quantos quilômetros
elas percorrem ao dia?
Como cresce o número de crianças
nesse trabalho que explora a infância das mesmas, reflectir sobre a situação econômica
e financeira dos lares angolanos deve ser o exercício constante entre os
governantes e os súbditos do governo.
Visualize a seguinte realidade
angolana: os acidentes rodoviários são a segunda maior causa das mortes. Pelo que
se sabe, maior parte da população angolana é jovem, naturalmente uma maioria economicamente
activa e que é utente das estradas, por isso, não é difícil calcular que um
grande número de jovens está a morrer nas estradas de Angola, provavelmente a
procura de garantir o pão de cada dia. Portanto, talvez haja muita criança no
trabalho de venda ambulante que viva sem seu pai ou sua mãe, senão mesmo sem os
dois progenitores.
O trabalho infantil está a tomar
proporções incontornáveis aos olhos de muita gente boa!
Texto: Lofa Kakumba
Foto: Dino Calei
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